Alimentação Complementar em Creches

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Alimentação Complementar em Creches

Alimentação Complementar

Na educação infantil, etapa inicial da educação básica, as crianças de zero a três anos, na primeira fase de desenvolvimento, são acompanhadas em creches. Entre as propostas pedagógicas dessa fase, está em alcançar o desenvolvimento de habilidades motoras, cognitivas e sensoriais da criança, o que também inclui a alimentação.

A alimentação escolar é parte integrante do processo pedagógico durante a infância, pois é nessa fase que ocorre a formação dos hábitos alimentares que poderão ser propagados até a vida adulta. Embora o ato de comer seja uma necessidade básica do ser humano, ter uma alimentação saudável e equilibrada também requer aprendizado, sendo imprescindível a atuação do Nutricionista no ambiente escolar.

A Nutrição nas creches possui um papel especial para crianças e principalmente para bebês, em virtude da maior vulnerabilidade biológica e necessidades nutricionais específicas da faixa etária. Além disso, grande parte das crianças que ingressa nas creches está iniciando a alimentação complementar, o que confere uma participação direta do Nutricionista na introdução de novos alimentos na rotina alimentar.

A alimentação complementar adequada e oportuna permite a vivência de experiências enriquecedoras para criança, por ser um período de descobertas de novos sabores e texturas dos alimentos, mas que em determinados momentos podem suscitar dúvidas e inseguranças de como fazê-la no ambiente escolar. Neste blog abordaremos sobre as orientações para alimentação complementar em creches.

Alimentação Complementar Adequada e Oportuna em Creches

Após seis meses de aleitamento materno exclusivo, a introdução dos alimentos deve ser iniciada, pois apenas o leite materno não é mais suficiente para atender às necessidades nutricionais da criança, especialmente de energia e de ferro. A introdução alimentar tardia pode levar à desaceleração do crescimento, ao aumento do risco de desnutrição, além do surgimento de deficiências de alguns micronutrientes essenciais para a saúde da criança. Por definição, a alimentação complementar é o período em que outros alimentos são oferecidos à criança, em conjunto ao leite materno.

Uma alimentação complementar adequada envolve a oferta de alimentos ricos em energia e micronutrientes (em particular o ferro, zinco, cálcio, vitamina A, vitamina C e folato), devendo também estar isenta de qualquer tipo de contaminação, através da adoção de medidas preventivas e de controle, que abrange a manipulação de alimentos, desde a recepção até a produção, conservação e distribuição das refeições para o consumo.

Além disso, a introdução alimentar para o bebê entre 6 e 12 meses de idade necessita uma atenção especial pelo contato com os novos alimentos, cujos sabores, texturas e consistências diferem muito do leite materno, e assim, proporcionar um momento de prazer que colabore para a construção de uma memória alimentar positiva. Em função disso, durante o planejamento do cardápio da creche, o Nutricionista deve ter em mente preparações que sejam de fácil consumo, boa aceitação pela criança e em quantidade apropriada para sua idade.

Adaptação da Criança a Introdução de Novos Alimentos

O período de adaptação da criança requer preparações que facilitem o consumo dos novos alimentos, sendo composto basicamente de purês de frutas (fruta amassada), papas salgadas e o consumo de água entre os intervalos das refeições.

Na papa salgada, os alimentos devem ser cozidos em pouca água, sem adição de sal e condimentos, oferecidos amassados com um garfo e não devem ser todos misturados no prato, pois a criança precisa aprender a reconhecer os sabores dos alimentos. A papa salgada deve ser preparada com verduras e legumes, cereal ou tubérculo, carnes e leguminosas.

Com o avançar da adaptação, as frutas não precisam ser mais amassadas, apenas ser oferecidas em cortes menores e a papa salgada pode ser substituída aos poucos pela refeição a partir dos 8 meses, desde que não sejam preparadas com temperos fortes ou picantes. A partir dessa idade, os alimentos podem ser oferecidos desfiados, picados ou cortados em pedaços pequenos, para estimular a mastigação.

A seguir, uma exemplificação da evolução da alimentação das crianças de 6 a 12 meses de idade.

Idade Alimentação
Menores de 6 meses Apenas alimentação láctea
Dos 6 aos 8 meses Leite, papa de fruta e papa salgada
Após completar 8 meses Leite, fruta in natura, papa salgada ou a refeição oferecida às demais crianças
Após completar 12 meses Leite com frutas, pão, cereais ou tubérculos, frutas in natura, refeição oferecida às demais crianças da creche

*Quadro adaptado do Manual de orientação para a alimentação escolar na educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e na educação de jovens e adultos. Brasília: PNAE–CECANE, 2012.

Volume Gástrico x Quantidade de Alimentos por Refeição

Na alimentação infantil, além do grande desconhecimento sobre quais alimentos oferecer para as crianças, há também uma dificuldade em estabelecer uma quantidade adequada para cada refeição. Assim como a livre demanda para ao aleitamento materno, a alimentação complementar também deve seguir o desejo da criança. No entanto, os adultos podem interferir no processo fome/saciedade e acabam atrapalhando o momento de aprendizado da criança.

O quadro a seguir sugere a quantidade de refeição oferecida com base na relação entre a idade e o volume gástrico da criança, com o intuito de auxiliar o porcionamento das refeições na creche, porém é necessário lembrar que o desejo da criança deve ser respeitado.

Idade Quantidade a cada refeição
A partir dos 06 meses Iniciar com 2-3 colheres de sopa aumentando gradativamente conforme o desejo e a aceitação
A partir dos 07 meses 2/3 de uma xícara ou copo americano (250 ml) – cerca de 06 colheres de sopa
09 a 11 meses 3/4 de uma xícara ou copo americano (250 ml) – cerca de 07 colheres de sopa
12 a 24 meses 01 xícara ou copo americano (250 ml) – cerca de 09 colheres de sopa

**Quadro adaptado do Manual do Curso de Aconselhamento em alimentação de lactentes e crianças de primeira infância: um curso integrado. Guia do facilitador, OMS/2005, adaptado por Teresa Toma em 2006, pp.468.

A alimentação complementar adequada e oportuna é essencial para a saúde da criança, sendo um componente importante para a segurança alimentar e nutricional. Nas creches, os Nutricionistas atuam como importantes atores na complementação e adaptação alimentar da criança, assim como, na adoção de práticas alimentares adequadas e saudáveis. Dessa forma, o Direito Humano à Alimentação Adequada e Saudável são garantidos com um crescimento e desenvolvimento adequados da criança, além da prevenção de possíveis deficiências nutricionais, desnutrição ou obesidade durante a primeira infância.

 

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Bibliografia Consultada:

COSTA, Samylla Cíntia et al. Importância das Práticas de Alimentação Complementar em Crianças entre 06 E 24 meses de Idade: Uma Revisão. REVISTA UNI-RN, v. 17, n. 1/2, p. 112, 2018.

LOPES, Wanessa Casteluber et al. Alimentação de crianças nos primeiros dois anos de vida. Revista Paulista de Pediatria, v. 36, n. 2, p. 164-170, 2018.

VASCONCELOS, Francisco de Assis Guedes de et al. Manual de orientação para a alimentação escolar na educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e na educação de jovens e adultos. Brasília: PNAE–CECANE, 2012.

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