Fitoterapia na Nutrição Esportiva – possibilidades de atuação e prescrição
As plantas medicinais estão sendo cada vez mais prescritas por profissionais de saúde, dentre os profissionais habilitados, os nutricionistas vem ganhando cabe vez mais espaço, uma vez que a união entre Nutrição e Fitoterapia pode contribuir para uma real consciência sobre alimentação saudável e o uso de alternativas naturais para a prevenção e o tratamento de diversas doenças.
Segundo a Dra. Daniela Fagioli, diretora da ASBRAN, em virtude dos avanços científicos e aprimoramento da formação dos profissionais, observou-se a necessidade da regulamentação da prescrição por parte dos nutricionistas, desde que utilizem o fitoterápico como complemento.
Outro ponto ressaltado pela Dra. Daniela Fagioli é que esta área vem conquistando espaço nas prescrições nutricionais, sobretudo em função dos benefícios descritos na literatura e, desta forma, a busca por cursos de especialização têm se expandido, para dar suporte ao profissional prescritor.
A Fitoterapia na Nutrição e na Atividade Física
A prática de atividade física promove alteração metabólica, gerando inflamação e estresse oxidativo, que podem acabar por levar a um comprometimento imune, com comprometimento da saúde do atleta, em especial em exercícios de longa duração e de resistência.
Nesse sentido, alguns fitoterápicos contribuem para o melhor desempenho esportivo, aumentando força e resistência, além de atuar como adaptógeno, ou seja, dando condições ao organismo de responder a situação estressora.
Os fitoterápicos também podem atuar como importantes anti-inflamatórios, antioxidantes, e auxiliar na recuperação pós-exercício combatendo a dor, na melhora do sistema imune e como coadjuvante no tratamento de lesões musculares.
Na Nutrição Esportiva, ênfase é dada aos fitoterápicos que modulam dor e inflamação, principalmente pós-atividade ou recuperação de lesão, como a Boswellia serrata; Plantas medicinais de ação antioxidante e depurativa, como a Curcuma longa; Agentes com alegação de aumento de testosterona livre, como o Tribulus terrestris e o Trigonella foenum-graecum; Além de agentes adaptógenos como o Panax ginseg, a Rodiola rosea e a Mucuna pruriens.
Lembrando que a competência para a prescrição de fitoterápicos e de preparações magistrais é atribuída exclusivamente ao nutricionista portador de título de especialista da ASBRAN.
Avanços em Nutrição Esportiva: a prescrição de Fitoterápicos
Um dos fitoterápicos de interesse na Nutrição Esportiva atualmente, embora pouco conhecido, é a Mucuna (Mucuna pruriens), também conhecida como feijão de Velvet.
Em 2011, Alleman e colaboradores, conduziram estudo pré-clinico com 15 atletas do sexo masculino, voluntários saudáveis. O objetivo dos pesquisadores era verificar se a ingestão isolada de extrato de Mucuna promoveria aumento na secreção de hormônio do crescimento (GH) nesses atletas. Os resultados foram muito animadores.
Em seu estudo, Alleman et al observaram que a ingestão aguda resultou em aumento da GH circulante em até 120 minutos após a ingestão. Sabe-se que o hormônio do crescimento tem demonstrado efeitos lipolíticos diretos e indiretos, tais como o favorecimento da mobilização de ácidos graxos livres no tecido adiposo para geração de energia, o aumento na sensibilidade às catecolaminas, a estimulação na liberação de outros hormônios, tais como os da tireóide ou, ainda diminuindo a ação antilipolítica da insulina. Esses efeitos poderiam aumentar a capacidade de oxidação de gordura, bem como o gasto energético.
Partindo deste mesmo princípio, com o objetivo de examinar se a ingestão de uma formulação ortomolecular e fitoterápica à base de Mucuna no pré-treino, Jung e colaboradores (2017) avaliaram 80 atletas de resistência, ao longo de oito semanas.
Neste estudo, foram administrados 150mg de extrato seco padronizado a 15% de Mucuna pruriens por 8 semanas. Os resultados sugerem que nas primeiras 4 semanas de suplementação , os atletas melhoraram índices de função cognitiva e desempenho durante o treinamento de resistência sem efeitos colaterais significativos, demonstrando efeitos agudos de adaptação à atividade. Ao final da oitava semana, não houve mudanças significativas nos desfechos, sugerindo a ação da Mucuna como adaptógeno de curto prazo!
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Fontes:
Alleman RJ Jr, Canale RE, McCarthy CG, Bloomer RJ. A blend of chlorophytum borivilianum and velvet bean increases serum growth hormone in exercise-trained men.Nutr Metab Insights. 2011 Oct 2;4:55-63. doi: 10.4137/NMI.S8127.
Jung YP, Earnest CP, Koozehchian M, Cho M, Barringer N, Walker D, Rasmussen C, Greenwood M, Murano PS, Kreider RB.Effects of ingesting a pre-workout dietary supplement with and without synephrine for 8 weeks on training adaptations in resistance-trained males.J Int Soc Sports Nutr. 2017 Jan 3;14:1. doi: 10.1186/s12970-016-0158-3
Jung YP, Earnest CP, Koozehchian M, Galvan E, Dalton R, Walker D, Rasmussen C, Murano PS, Greenwood M, Kreider RB.Effects of acute ingestion of a pre-workout dietary supplement with and without <i>p-</i>synephrine on resting energy expenditure, cognitive function and exercise performance. J Int Soc Sports Nutr. 2017 Jan 12;14:3. doi: 10.1186/s12970-016-0159-2.