Novos números sobre a Cirurgia Bariátrica nos EUA e no Brasil
Quase 200 mil norte-americanos fazem cirurgia bariátrica por ano. Estima-se que 24 milhões são candidatos em potencial, mas vários se questionam se devem ou não se submeter a cirurgia. Embora muito se discuta em relação aos resultados em longo prazo, esta é uma modalidade de tratamento que aumenta a cada ano.
Dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica apontam que nos últimos dez anos a demanda por este tipo de procedimento saltou de 22.000 para mais de 93.000 intervenções.
Este tipo de procedimento está indicado, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), para pacientes com IMC acima de 35 Kg/m² que tenham complicações como apneia do sono, hipertensão arterial, diabetes, aumento de gorduras no sangue e problemas articulares, ou para pacientes com IMC maior que 40 Kg/m² que não tenham obtido sucesso na perda de peso após dois anos de tratamento clínico (incluindo o uso de medicamentos).
Tipos de cirurgias bariátricas
Existem três tipos básicos de cirurgias bariátricas: restritivas, mistas e disabsortivas.
As cirurgias que apenas diminuem o tamanho do estômago são chamadas do tipo restritivo (Banda Gástrica Ajustável, Gastroplastia Vertical com Bandagem ou Cirurgia de Mason e a Gastroplastia Vertical em “Sleeve”), onde a perda de peso se faz pela redução da ingestão de alimentos.
Além disso temos as cirurgias mistas, ou seja, há a redução do tamanho do estomago e um desvio do trânsito intestinal, logo, além de redução da ingestão, tem-se ainda a diminuição da absorção dos alimentos. As cirurgias mistas podem ser predominantemente restritivas (derivação Gástrica com e sem anel) e as disabsortivas (derivações bileopancreáticas).
Quais são os candidatos à cirurgia bariátrica?
- Aqueles com insucesso no tratamento clínico convencional (medicamentoso, orientação alimentar, atividade física, acompanhamento psicológico); e
- Pacientes com IMC ≥ 35 com co-morbidades ou IMC ≥ 40
Como é feita a suplementação pós-intervenção?
Será feito de acordo com o risco nutricional e da intervenção realizada. Antes da cirurgia todo paciente precisa ser avaliado individualmente, devendo ser submetido a uma avaliação clínico-laboratorial que inclui – além da aferição da pressão arterial – dosagens da glicemia, lipídeos e outras dosagens sanguíneas, avaliação das funções hepática, cardíaca e pulmonar.
Do ponto de vista nutricional, os pacientes submetidos à cirurgia bariátrica deverão ser acompanhados pelo resto da vida, com o objetivo de receberem orientações específicas para elaboração de uma dieta qualitativamente adequada. Quanto mais disabsortiva for a cirurgia, maior a chance de complicações nutricionais, como anemias por deficiência de ferro, de vitamina B12 e/ou ácido fólico, deficiência de vitamina D e cálcio e até mesmo desnutrição, nas cirurgias mais radicais. Reposições vitamínicas são feitas após a cirurgia e mantidas por tempo indeterminado. A diarreia pode ser uma complicação nas cirurgias mistas, principalmente na derivação bileopancreática.
Implicações nutricionais de acordo com procedimento:
1. Bypass em Y-Roux
- Estômago: Menor produção de ácido comprometendo a absorção ferro, ácido fólico e vitamina B12.
- Jejuno proximal: Alteração enzimática interferindo absorção de vitaminas complexo B (em especial ácido fólico), Vitaminas A, D e E, ferro, cálcio, fósforo, zinco e magnésio.
- Duodeno excluso: Comprometimento da absorção de micronutrientes principalmente as vitaminas lipossolúveis, cálcio, ferro, magnésio, zinco, tiamina e vitamina B12.
2. Sleeve
- Menor produção de ácido que interfere na absorção de ferro, ácido fólico, cálcio e vitamina B12.
- Trânsito duodeno-jejunal mais acelerado.
- Prejuízo na absorção de zinco, ferro e selênio.
3. Disabsortivas
- Deficiência de vitaminas lipossolúveis (↓50% absorção de vitamina A, D e K);
- Desnutrição proteico-calórica;
- Diarreia e desidratação.
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