Alergia Alimentar Infantil Diagnóstico, Tratamento e Orientações Nutricionais

Alergia Alimentar Infantil: Diagnóstico, Tratamento e Orientações Nutricionais

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Sumário

Fala a verdade: se um paciente com alergia alimentar infantil fosse ao seu consultório hoje, você saberia o passo a passo para atendê-lo com tranquilidade e excelência? Pois chegou a hora de ter um conhecimento ainda mais profundo na nutrição pediátrica

Neste guia você saberá como acontece o diagnóstico, o tratamento e quais as orientações nutricionais para os tipos de alergia alimentar em crianças. No final, ainda terá a chance de conhecer a Especialização em Nutrição na Obstetrícia, Pediatria e Adolescência da NutMed. Comecemos!

O que é a alergia alimentar?

Explicando de modo simples, a alergia alimentar consiste em uma reação hostil do sistema imunológico a determinados componentes de alimentos.

Em outras palavras, quando a pessoa é alérgica a alguma comida, o sistema de defesa dela identifica erroneamente aquelas substâncias como um perigo para o organismo. O resultado? Uma série de sinais ruins para o corpo.

Os sintomas da alergia alimentar podem variar em gravidade e incluem coceira na pele, inchaço nos lábios e no rosto, erupções cutâneas, náuseas, vômitos, diarreia, dificuldade respiratória, tosse alérgica infantil e até mesmo reações anafiláticas, que podem ser fatais.

Os mecanismos imunológicos da alergia alimentar responsáveis pela hipersensibilidade podem ser mediados por imunoglobulina E (IgE), células ou reação mista (IgE e células). Como consequência, as reações adversas surgem após a exposição do indivíduo sensibilizado ao alérgeno, são elas:

  • Pele: urticária, angioedema, eritema, prurido, eczema, dermatite atópica.
  • Gastrointestinais: diarreia, cólica abdominal, sangramento gastrointestinal, refluxo, vômito.
  • Respiratório: rinoconjuntivite, coriza, tosse, rouquidão, asma brônquica.
  • Reação Anafilática: hipotensão arterial, disritmia, comprometimento de vários órgãos (grave).

Diferenças entre alergia e intolerância alimentar

Embora algumas pessoas pensem que são a mesma coisa, existem algumas diferenças entre a alergia e a intolerância alimentar.

Como vimos, na alergia alimentar há uma resposta imunológica do corpo a certos elementos de um alimento, ocasionando reações leves ou graves.

Já a intolerância alimentar acontece quando o corpo tem dificuldade em digerir determinadas comidas, causando principalmente problemas gastrointestinais. É importante frisar isso, pois existe a crença de que a intolerância à lactose pode causar sintomas na pele, o que não ocorre.

Normalmente os efeitos dessa condição de saúde estão relacionados à quantidade de alimento consumido. Apesar de desconfortáveis, as reações raramente geram um dano severo à saúde.

A alergia alimentar em crianças

Quem atende crianças no consultório sabe que a partir da alimentação complementar (que ocorre por volta dos 6 meses do bebê) até os 2 anos de vida costumam aparecer casos de alergia alimentar infantil.

As reações alérgicas mais comuns são causadas por leite de vaca, ovos, amendoim, nozes, trigo, soja, peixe e crustáceos. Elas começam quando o indivíduo entra em contato com o alimento pela primeira vez ou após várias exposições.

Lembrando que o modo de como descobrir a alergia alimentar em crianças é semelhante aos adultos: na consulta médica observa-se os sinais e sintomas, histórico alimentar e realiza-se testes cutâneos ou sanguíneos. 

Causas da alergia alimentar infantil

Já parou para pensar por que o sistema imune de alguém pode considerar certas comidas perigosas, mesmo que em teoria elas não sejam? Há algumas teorias que tentam explicar isso.

A primeira delas acredita que as alergias podem ter uma base genética. Logo se um dos pais tem, a criança possui uma maior chance de desenvolvê-la.

A segunda defende que a oferta precoce de certos alimentos ao bebê pode aumentar o risco do desenvolvimento de alergias alimentares. Por isso é tão importante usar bons métodos de introdução alimentar e seguir as diretrizes mais consolidadas.

Por outro lado, a terceira teoria recorda que a falta de exposição a determinadas comidas também pode contribuir para o surgimento de alergias.

Vemos, assim, que a causa exata ainda não é completamente compreendida, e a interação de múltiplos fatores possivelmente desempenha um papel no seu desenvolvimento.

Alergia Alimentar Infantil

Qual o papel do nutricionista nos tratamentos para alergia alimentar?

Agora que você tem uma visão geral sobre a alergia alimentar infantil, terá mais facilidade de entender as funções do nutricionista durante o tratamento.

Os profissionais que realizam a Especialização em Nutrição na Obstetrícia, Pediatria e Adolescência aprendem os passos para realizar um bom acompanhamento nutricional. Entre eles, estão:

Coleta de histórico médico e alimentar

Logo no início da anamnese, o nutricionista deve coletar informações detalhadas sobre o histórico da criança, incluindo diagnóstico médico da alergia e pedir relatos dos principais sintomas.

A seguir, é importante conhecer a história nutricional da criança, incluindo alimentos consumidos regularmente e quais as comidas que causam problemas. Isso será indispensável na hora de montar a dieta.

Elaborar um plano alimentar seguro

Fazer um plano de alimentação infantil naturalmente demanda cuidados, afinal é uma fase que requer a ingestão de uma série de nutrientes e a fuga de comidas que não são saudáveis. Quando a criança tem algum tipo de alergia, a atenção precisa ser redobrada!

A dieta precisa excluir todas as substâncias que provocam reações adversas na criança, mas também deve fornecer os nutrientes necessários para o seu pleno crescimento e desenvolvimento. Essa é uma das formas de como se tratar alergia alimentar em bebês.

Dar uma boa educação nutricional aos cuidadores

Educar os pais é uma parte vital do tratamento, pois os capacita a tomarem decisões seguras sobre a alimentação do filho e ajuda a garantir a adesão à dieta, algo tão necessário para o gerenciamento eficaz do problema.

Durante as orientações, o nutricionista deve ensiná-los a ler os rótulos dos produtos, porque eles podem conter ingredientes que provocarão as crises. Saber identificar palavras diferentes para as mesmas substâncias evitará acidentes.

Além disso, os cuidadores também precisam entender como substituir os ingredientes alergênicos em uma preparação. Existem muitas opções disponíveis no mercado que podem ser usadas em receitas e pratos, mantendo o saber e a aparência da comida impecáveis.

Realizar um acompanhamento nutricional

Plano alimentar prescrito e pais orientados? Então basta acompanhá-los periodicamente para garantir que o pequeno indivíduo cresça e evolua de maneira saudável.

As avaliações devem monitorar peso, altura, circunferência da cabeça (em bebês) e outros indicadores de saúde relevantes para o momento.

Ademais, a dieta precisa ser revista para verificar se ainda está apropriada para aquela fase, já que as necessidades nutricionais estão em constante mudança. Quando chegar a adolescência, por exemplo, o paciente estará sedento por dicas de alimentação antes da atividade física ou outros temas comuns para a idade.

Por fim, é vital que o profissional esclareça dúvidas, ofereça orientações adicionais e forneça recursos para facilitar a implementação do tratamento nutricional.

Tipos de alergias alimentares

Para fechar o guia sobre como tratar alergia alimentar em bebês ou crianças maiores, vale a pena aprofundar mais sobre algo que já falamos vagamente: os tipos de alergias alimentares!

Essas reações podem ser desencadeadas por uma série de alimentos. Portanto, é importante que os nutricionistas pediátricos estudem não apenas sobre diferenças entre fórmula infantil e composto lácteo e assuntos similares, mas também busquem entender sobre o tratamento da alergia alimentar infantil.

Confira os tipos mais comuns!

tipos de alergenos

Alergia à proteína do leite de vaca (APLV)

Certamente é uma das alergias mais frequentes em crianças pequenas. Ela ocorre quando o sistema imunológico reage de forma exagerada às proteínas presentes no leite de vaca, especialmente à caseína, à beta-lactoglobulina e à alfa-lactoalbumina, considerando-as substâncias prejudiciais.

Os sintomas de APLV em bebês podem variar em gravidade e afetam geralmente a pele (com coceiras e urticárias), o sistema gastrointestinal (com dores, vômitos e diarreias) e o sistema respiratório (com tosse e dificuldade de respirar).

Em casos menos severos, os indivíduos podem tolerar produtos lácteos processados ou alimentos que passaram por tratamento térmico, mas isso deve ser feito sob supervisão médica.

  • Principais Alérgenos: Caseínas, β-lactoglobulina, imunoglobulina e a albumina bovina.
  • Alimentos e ingredientes que podem indicar presença: Leite integral, semidesnatado ou desnatado, leite em pó, manteiga, ghee, torrone, soro de leite, nougat, soro de leite coalhado, bebida láctea, leite fermentado, requeijão, petit suisse, composto lácteo, margarina que contenha leite, doce de leite, creme de leite, chantilly (pode conter caseinato), traços de leite, queijos em geral, coalhada, leite condensado, nata, proteína hidrolisada de leite, creme azedo, iogurte, molho branco e outros que tenham leite, pudim, proteína láctea, caseína, caseína hidrolisada, caseinatos de sódio, caseinato de potássio, caseinato de cálcio, caseinato de magnésio, caseinato de amônia, lactoalbumina, lactoferrina, proteína láctea, fosfato de lactoalbumina, lactoglobulina, lactose (pode conter traços protéicos), etc.
  • Produtos que podem conter leite em sua composição: biscoitos, achocolatado, embutidos, sorvete, bolos, tortas, pães, purê, etc.

Alergia alimentar ao ovo

Também popular, essas reações são desencadeadas por causa das proteínas encontradas na clara do ovo, embora algumas crianças também possam ser alérgicas à gema.

O interessante é que, por vezes, essa alergia é superada. À medida que o tempo passa, o sistema imunológico pode desenvolver uma tolerância gradual às proteínas do ovo, e a condição pode diminuir ou mesmo desaparecer.

Se você tem pacientes com essa alergia, deve lembrar os pais que muitos produtos e preparações levam esse ingrediente, como pães, bolos, biscoitos, maionese, barras de cereais, entre outros.

  • Principais Alérgenos: ovoalbumina, ovomucóide e conalbumina
  • Alimentos e ingredientes que podem indicar presença: Ovo, maionese, merengue, gemadas, marshmallow, clara em neve, sólidos de ovos, ovo em pó, clara de ovo, gema, simplesse, ovoalbumina, conalbumina, flavoproteína, fosvitina, ovoglobulina, ovotransferrina, globulina, ovomucina, albumina, lisozima, grânulo, ovovitelina, lipoproteína de baixa densidade, plasma, lecitina, livetina, lisozima (E1 105), etc.
  • Produtos que podem conter ovo em sua composição: Biscoitos, achocolatado, pudim, chocolate, macarrão, bolos, tortas, pães, etc.

Alergia alimentar ao amendoim

Ao contrário da alergia ao ovo, os sintomas ruins provocados pelo amendoim tendem a perdurar pelo restante da vida. Ademais, as respostas imunes podem ser geradas por quantidades pequenas do alimento ou por simples vestígios.

Dessa forma, os pais devem ter uma atenção ainda maior com o que as crianças alérgicas ao amendoim comem em casa, na escola ou ao visitar os familiares.

Talvez, nos próximos anos, surjam tratamentos mais eficazes para essa alergia. Alguns estudos indicam que a imunoterapia oral, que envolve a administração controlada de pequenas quantidades de amendoim para aumentar gradualmente a tolerância, possa ser uma solução, mas ainda faltam testes suficientes.

  • Principais Alérgenos: Vicilina, conglutina e glicinina.
  • Alimentos e ingredientes que podem indicar presença: Amendoim, proteína hidrolisada de amendoim, castanhas artificiais ou naturais (risco de traços), óleo de amendoim, torrone, farinha de amendoim, marzipan, manteiga de amendoim, pasta de amendoim, chili, etc.
  • Produtos que podem conter amendoim em sua composição: Biscoitos, doces, balas, chocolate, bolos, tortas, sorvete e vitamina D, etc.

Alergia aos crustáceos

Os crustáceos são frutos do mar que incluem camarão, lagosta, caranguejo e lagostim. Essa alergia é comum em muitos países e costuma persistir ao longo da vida.

Os alérgicos precisam, além de evitar tais alimentos, estar atento a possíveis contaminações cruzadas em restaurantes ou instalações que preparam produtos, já que resíduos dos frutos do mar podem estar presentes em comidas variadas.

Alergia alimentar à soja

  • Principais Alérgenos: Vicilinas e conglutina
  • Alimentos e ingredientes que podem indicar presença: Soja, missô, shoyu, tofu, farinha de soja, fibra de soja, extrato de soja, molho de soja, proteína texturizada de soja, glicinina, tamari, conglicinina, tao-cho, natto, tao-si, taotjo, edamame, tempeh, hemaglutinina, proteína isolada de soja, teriyaki, inibidor de tripsina, tofu, isoflavonas, uréase, lecitina, yuba, lipoxygenase, sufu, ß-amilase, etc.
  • Produtos que podem conter soja em sua composição: biscoitos, achocolatado, pães, traços de soja em produtos ensacados, como farináceos e grão, sorvete, bolos, tortas, frios e embutidos, etc

Observação: A maioria dos indivíduos alérgicos podem consumir com segurança o óleo de soja que tenha sido altamente refinado, porém a decisão cabe avaliação médica e nutricional.

Aprofunde seus conhecimentos na nutrição pediátrica!

Chegou o momento de deixar as inseguranças e a falta de conhecimento para trás! Estão abertas as inscrições para a pós-graduação em Nutrição na Obstetrícia, Pediatria e Adolescência da NutMed, online ou presencial!

Durante o curso, haverá aulas especiais sobre alergias e intolerâncias alimentares infantis, o que facilitará seus atendimentos e dará aos pacientes o bem-estar que eles tanto procuram.

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